terça-feira, 26 de março de 2013

Quanto ganha um professor?



 Toda profissão tem seu valor. Todo trabalho é digno. Toda escolha traz consigo inúmeras consequências. 
A escolha da profissão pode ser uma decisão simples, se existirem boas oportunidades; ou difíceis, se estas forem escassas, quase como encontrar agulha no palheiro.
Uma coisa é certa, seja qual for a escolha, ou a situação em que se viva, é preciso ter muita responsabilidade e a certeza de que, mais que o dever cumprido, existe a consciência de cidadão, justo, honesto, que, embora errante, é capaz de recomeçar sempre.
Ser professor, por exemplo, é uma decisão importante. Porque educar é semear hoje, para colher Deus sabe quando!
Existe uma frase que diz que "a Educação não pode ser delegada somente a escola. O aluno é transitório. Filho é para sempre".
O grande desafio é que uma boa porcentagem dos pais não pensam assim e desta forma, sobra grande parte da formação do aluno aos educadores, que enfrentam, principalmente, crianças sem limites, adolescentes desinteressados, jovens sem objetivo na vida.
Alguns profissionais vivem a triste experiência da violência, física ou psicológica. Outro dia uma professora do primeiro ano, da primeira etapa do ensino fundamental, foi vítima de um incidente ocorrido dentro da sua sala de aula. O saldo dessa ocorrência foi um deslocamento de retina.
Aí encontramos várias situações misturadas, mas a principal delas é “uma tal” de inclusão, que poderia ser a melhor coisa desse mundo se alguns fatores fossem respeitados, como o número reduzido de alunos em sala de aula, profissionais preparados para trabalhar nesta área, material didático adequado e um espaço que não ofereça grandes riscos aos incluídos. 
Mas o que encontramos, na verdade, é uma “pseudo” inclusão. Salas superlotadas, professores despreparados, sem motivação e sem condições de ajudar, da maneira eficiente, a quem mais necessita.
Um aluno com deficiência visual (enxerga pouco), por exemplo, é alguém que precisa de atenção dobrada. Mas numa sala com 30 alunos? Porque ele não consegue enxergar o que está na lousa, não consegue, ao menos, ler o que está escrito com letras grandes e pretas numa folha branca. E o professor, não tem como ensiná-lo em braile, e também não consegue ensiná-lo com métodos tradicionais.
Outro que não consegue aprender, depende do professor para realizar suas atividades. Mas existem outros 24 para serem ajudados.
Trabalhar 30, 40 horas por semana é mais uma ilusão de quem escolhe esta profissão. Além do período na unidade escolar, muitas vezes, é preciso levar muitas tarefas para serem concluídas em casa.
E ainda tem político dizendo que professor ganha muito bem, porque trabalha só meio período para ter o salário que tem. Alguém ouviu dizer que algum professor ficou rico dando aulas em um só período? Mas nem se dobrarem, e a maioria dobra e se desdobra.
Político que fala isso, não merece voto, consideração, nem ser ouvido pelos eleitores. Aliás, com certeza, tal político não tem mãe professora, muito menos esposa, para sentir na pele a impaciência, o mal humor, a irritação, de uma professora ao retornar para casa. Porque é lá que ela pode extravasar, ser ela mesma! Porque é um trabalho que exige muita energia, autoconhecimento, autocontrole e muita, mas muita paciência.
Entretanto, é uma profissão encantadora! Ensinar, aprender, partilhar a vida, perceber que você pode colaborar para a formação de uma pessoa, que possui sentimentos, capacidade de amar, sentir raiva, acertar e errar. Não tem preço ver um sorriso sincero no rosto de uma criança, sua alegria depois de um elogio, ou de uma atividade lúdica que trouxe mais emoção na aprendizagem! Tudo isso é muito gratificante! É o que faz valer a pena todo esforço, todo cansaço do dia a dia! São estes os motivos que nos fazem acordar cedo, dormir tarde, lutar, correr contra o relógio! 
Professor ganha muito? Desafio qualquer político a viver um único dia na "pele" de um educador. Só assim poderá dizer quanto ganha um professor!