quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Um dia na padaria


Andando pela cidade é possível encontrar uma diversidade de situações, mas é preciso observar cuidadosamente para perceber o que está nas entrelinhas...
Dia desses entrei na padaria com minha filha de 3 anos e 10 meses. Passamos pela porta estreita e uma criança de aproximadamente 10 anos entrou empurrando a gente, seguida de sua mãe e seu irmão mais novo. Eram pessoas simples. Eles se aproximaram do balcão repleto de doces e bolos de encher os olhos de qualquer um. A mãe perguntava à menina:
_ Qual é o bolo que você viu?
A menina apontava para uma torta de chocolate linda! Ela tinha uma cobertura enfeitada com fatias de chocolate, especialmente colocados em cima, e outros detalhes em dourado. A mãe, após ouvir a filha, solicita à atendente uma fatia do bolo escolhido.
_ Moça, dá um pedaço deste bolo aqui!
A moça atrás do balcão observa que existem outros dois bolos já fatiados para venda e diz para a mãe que não poderia começar outro, já que havia dois a disposição dos clientes. Além do mais, um dos bolos já cortados era idêntico ao que a garota queria.
_ Olha moça, eu já fui em outra padaria, mas ela não queria nenhum bolo de lá. Desde que ela viu este aqui, é só o que ela quer.
A vendedora chamou a nutricionista da empresa. Faltava energia no estabelecimento naquela hora. A outra então começou a ouvir o que a mãe dizia, já com a voz alterada:
_ Minha filha está doente de vontade de comer este bolo aqui, e eu só quero você corte um pedaço! Agora uma criança vai morrer de vontade de comer um pedaço de bolo só porque você não quer contar ele?
A nutricionista ouviu tudo atentamente, e com muito cuidado e delicadeza argumentou:
_ Minha senhora, nós entendemos que sua filha está com vontade de comer o bolo, e nós não estamos negando isso para ela. Só que aqui nós também seguimos ordens e fomos instruídas a iniciar somente dois bolos por dia. Espero que a senhora entenda. Este outro bolo é igualzinha ao que ela quer, só que já está começado!
A mãe então se acalma e convence a filha de que o que a moça dizia era verdade, os bolos eram iguais!
Comprei o meu pão e ainda comprei um sorvete para a minha criança! A vontade era de comprar o bolo inteiro para a criança. A mãe pediu só uma fatiazinha para a menina, pois o doce custava caro. 
Comecei a pensar quantas vezes por dia isso acontece naquela padaria. Crianças descalças que olham e desejam aquela verdadeira gostosura!
Fiquei com a aquela imagem na minha mente. Talvez pela situação gerada entre as funcionárias da padaria e os clientes que aguardavam atendimento, enquanto tudo se resolvia. Talvez pelo menino, pois o pedaço do bolo era muito pequeno para os dois? Não fiquei lá para ver se ele queria outro doce ou se iria repartir com a irmã aquele mísero pedaço.Talvez por pensar naquelas duas crianças e em tantas outras desejosas de apenas uma fatia de bolo de chocolate. Ou então pela insistência da mãe, que queria fazer a vontade da filha. Ou ainda pela sabedoria da atendente, que buscou resolver o problema com educação e simplicidade.
Ética e profissionalismo são qualidades admiráveis em qualquer profissão. É preciso olhar para as outras pessoas com carinho, sem ofender. Admiro quem trabalha no comércio, porque tem que estar sempre sorrindo para agradar aos clientes, e ainda suportar momentos de verdadeira humilhação. 


quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Caminhos...


Dirigir é uma habilidade comum, porém, não tão simples... Eu sou do tipo motorista estressada. Estou procurando melhorar, mas às vezes eu me esqueço disso! Considero-me uma boa motorista, sem falsa modéstia.
Não gosto de perder tempo entre um percurso e outro. Mas tem gente que insiste em passear, como se ninguém mais precisasse circular pela cidade. Outro dia tinha alguém andando a menos de 20 km/h e não era carro da auto-escola. E pior, andava pelo lado esquerdo da rua. Assim fica difícil!
Sem contar com aqueles que param no meio da rua, não dão seta e ainda colocam a mão para fora do carro indicando que você pode passar. Ou então, param para pedir informações ou simplesmente para conversar com alguém na esquina. Isso me estressa bastante, porque se eu não notar que ele simplesmente parou, e bater na sua traseira, serei eu a culpada do acidente! Antes eu ousava buzinar, mas agora eu paro e penso que é fácil dirigir aqui.
Outro dia fomos a São Paulo. Ninguém precisa dizer que lá o trânsito é O caus! Apesar de ser sábado, havia muitos carros circulando...
Meu pai sempre dizia que para dirigir em São Paulo é preciso ter muito olhos. E se você errar uma entrada, errou todo o caminho, porque até chegar ao retorno... E depois até encontrar a saída dele... Perde-se tempo, dinheiro, paciência, etc.
Voltando à viagem.. Neste dia, escolhemos o caminho errado. Andamos até o retorno, e isso demorou quase meia-hora para encontrá-lo. Para encontrar a saída do retorno, mais uma quinze minutos. Por fim, chegamos ao destino, que não era tão longe, quase uma hora depois!
Eu fiquei pensando sobre isso... A vida é cheia de caminhos, bifurcações, entradas e saídas, túneis, rodovias, ruas sem asfalto, com asfalto, esburacadas...
Pode acontecer de você entrar pelo túnel errado, ou ainda escolher o lado errado da bifurcação. Se perder entre as entradas da vida e acabar chegando em lugar nenhum. Mas da mesma forma como na rodovia, ou nas grandes cidades, alguns metros a frente, pode haverá retorno. Pode demorar a voltar, mas ele existe. Portanto, chegar ao destino é uma questão de tempo. Se você não ficar atento, pode perder o caminho de volta, mas ele estará sempre lá!
Voltar para Deus é assim! Você pensa que precisa escolher outros caminhos, que precisa conhecer outros destinos... até que percebe que tudo o que você realmente precisava era encontrar o retorno e voltar para os braços do Pai!


sábado, 24 de novembro de 2012

ÓCULOS DA ALMA


Eu sempre ouvi dizer que com o avanço da idade algumas coisas começam a retroceder no corpo humano.
Algumas células deixar de se renovar e morrem, os cabelos branqueiam, começam a aparecer diversos problemas de saúde. Doenças, para dizer a verdade. Para evitá-las, ou minimizar o seu poder sobre esse casco humano, é preciso tomar certas precauções, como evitar alguns tipos de alimentos, não ter vícios e praticar atividade física regular. Tudo bem até aí. Mas e a visão? Visão de todas as formas possíveis de se imaginar.
Primeiro a visão física! Os olhos... 
Desde a adolescência eu via como minha irmã sofria com a miopia. Não conseguia ver de longe. Letras, pessoas, placas, tudo! Precisava do auxílio do bom e velho óculos.
Meus pais também começaram a sofrer desse mau. Só que o problema deles era no braço. O braço estava curto demais para a visão, não conseguiam ver de longe. Para resolver, tomar posse do bom e velho óculos!
Já eu, sempre me gabei da boa visão. Minha capacidade visual era invejável. Era solicitada para ler bula de remédios, manual de instrução de aparelhos eletrônicos, letras minúsculas que ninguém conseguia ver, mas eu via. Às  vezes, forçava um pouco, mas não conseguia imaginar o que seria a vida sem esta visão fantástica!
O tempo passou e, apesar de não ser tão velha assim, comecei a perceber uma pequena deficiência na minha eficiente arte de enxergar! 
Algumas vezes ouvi pessoas que sofriam de miopia dizerem que sem os óculos, não conseguiam distinguir as pessoas. Outras ainda, que diziam que viam os outros como se fossem árvores que se mexiam.
Eu vejo muito bem as pessoas. Às vezes não as distingo de longe, mas vejo que são gente, não árvores ambulantes. Mas já as letras... Elas se embaralham na minha frente de tal maneira que nem sei. Hoje eu precisava da minha maravilhosa habilidade em ler placas de trânsito, mas eu não conseguia enxergar a longa/média distância. Não levei os óculos. Esse negócio de andar de óculos me incomoda um pouco. 
Mas, voltando ao assunto das mudanças de visão, penso também na visão espiritual, íntima, profunda, da vida e das pessoas!
Olhar para as pessoas como seres limitados, cheios de pecados, assim como eu, mas também com grandes qualidades e capacidade de amar...
Penso em algumas coisas que vale a pene ressaltar. Como uma mulher e um homem que desejam, mais do que tudo nesta vida, serem pais e encontram tantas limitações físicas para isso... Ver nestes filhos amados de Deus um desejo que é natural da vida, que foi o próprio Deus quem nos deu, para continuar a sua maravilhosa obra de criação, com dificuldades de poder realizar seu sonho!
Penso também nas ausências da vida. Aceitar a morte, ou conviver sem aquela presença preciosa. Ter um olhar misericordioso por aquela filha que perdeu a mãe, e com ela a ternura, a grandeza de uma mulher maravilhosa. E ainda, ao consolar, dizer coisas que nem sei... É fácil falar da morte, quando não é alguém tão próxima, tão querida, tão amada. A única visão que podemos ter sobre isso, é acerca da fé!
São tantas outras visões da vida. Olhares que não se limitam no que está a poucos metros de distância. Olhar para o infinito... e enxergar ali uma ponta de esperança, uma chance de ser feliz, um meio de conviver!
Talvez a alma também esteja precisando de óculos, porque tem tanta coisa que ainda não consigo enxergar direito. Mas esta correção vem com a vida, com a maturidade. Todo mundo passa por isso. É preciso saber aproveitar as oportunidades.



quarta-feira, 14 de novembro de 2012


PAZ!

Não sei como intitular esse grupo ou esse momento em que vivemos, vou chamar somente de "nosso encontro de oração". 
Nosso primeiro encontro de oração e partilha foi um delicioso momento de paz interior. Não houve espaço para melancolias, ou outro sentimento que não fosse a felicidade do reencontro. Reencontro entre amigos, mas muito mais, reencontro com Deus. Não que nós o tivéssemos deixado, mas muitas barreiras foram crescendo entre nós e a oração. 
O mais interessante é que temos um olhar no passado, nas coisas boas que vivemos. Também naquilo que encaramos como falta de maturidade e despreparo. Não conseguíamos enxergar onde estávamos nos equivocando. Mas foi o próprio Paulo quem disse que "...Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como sou conhecido eu mesmo..." (I Cor. 13,12)
Cada etapa da vida é norteada por momentos de cegueira ou escuridão. Mas também pode ser preenchida pela Luz Divina, e onde ela entra, faz sua morada, ilumina e transforma vidas.
Nossa oração começou tímida, mas Deus foi conduzindo, através de canções tão lindas, que foi difícil conseguir cantar. O coração não batia, parecia querer saltar para fora. Algumas barreiras rompidas e a paz dos anjos invadiu o local onde estávamos. Não precisamos mais do que 40 ou 50 minutos.
Uma partilha honesta e ao mesmo tempo suave. Participar sem cobranças, livremente. Ufa, demorou! 
Por hoje foi só, mas deixou um gostinho de quero mais! 
Como é bom olhar para aqueles rostos risonhos, aqueles olhos brilhantes e sedentos... "— Minha alma desfalece de saudades e anseia pelos átrios do Senhor! Meu coração e minha carne rejubilam e exultam de alegria no Deus vivo!" (Salmo 83,3)
Como é bom para irmãos viverem juntos e poderem partilhar as maravilhas de Deus! É bom orar sozinho, faz bem ao coração, traz sintonia com Deus. Mas orar em comunidade é muito mais edificante. 
Agradeço a Deus pelo despertar de cada coração! A Ele toda honra e toda glória, amém!